Chorei na última vez que estive nos teus braços.
Chorei perdidamente, chorei com medo de te perder, chorei com medo de não te ter.
E que tenho eu de ti?
Umas horas por semana, quando nos encontramos numa cama.
Uns telefonemas rápidos e sempre a medo.
Umas mensagens no telemóvel a horas impróprias.
Uma flor que tu me trazes, por vezes...
Há meses que é assim a minha vida.
Horas e horas à espera que tenhas um momento livre.
Horas de tristeza, quando sei que estás com a tua família.
Horas de angústia, quando sei que estás com ela.
Horas de felicidade, quando olho nos teus olhos e me abraças...
Como é difícil não estar todos os dias ao teu lado!
Não poder partilhar contigo a vida.
Não poder ouvir os teus desabafos, nem tu os meus.
Não poder passear de mão dada contigo ao pôr-do-sol.
Não poder acordar ao teu lado, para um novo dia.
Eu sei que me amas.
Para ti não sou apenas um corpo, um objecto de prazer.
Sei o quanto te dói não poderes dar-me mais, estares ao meu lado em tantos momentos...
Fizeste a tua escolha: escolheste a tua família, a tua estabilidade.
Alguma vez serias capaz de atirar tudo ao ar para ficares comigo?
Alguma vez o amor que por mim sentes será mais forte?
Eu também fiz a minha escolha: escolhi-te a ti, escolhi o nosso amor...
Apenas uma nota que quero acrescentar, talvez um recado a alguém (que nem vai ler isto agora, por estar de férias): nem tudo aquilo que escrevemos é a nossa realidade. Por vezes são ideias, são vidas que se cruzam com a nossa, são invenções, são desejos...
Esta realidade poderia ser a minha? Sem dúvida que sim...
. Pausa
. Esta carta é dirigida aos...
. MIMO