Segunda-feira, 31 de Maio de 2004
Querida floreca
O meu mundo:-)Ontem, como foi domingo, tive tempo para actualizar os nossos blogues, fazendo os links a outras cartas e outras paixões que por nós têm passado. Tanta gente que nos visita diariamente e tão pouco tempo para a todos ler com os olhos abertos e o coração acordado.
Como sempre, depois de mexer no html, fiz asneira. Desalinhei tudo, apaguei links, esqueci-me dos "divs" e dos "space", enfim, a trapalhada que faço sempre.
Hoje abri os blogues a medo. O que seria que que tinha apagado? Será que ainda estávamos ali? O que teria eu feito?
Surpresa. Tudo alinhadinho, tudo perfeito, até blogues que na minha pressa em querer fazer tudo, me tinha esquecido injustamente, lá estava tudo. Teria sido uma fada dos sonhos? Um duende da blogosfera?
Tinhas sido tu. Discretamente, amorosamente, generosamente, arranjaste toda a desarrumação que eu fizera.
Escrevo-te só para dizer. Obrigada, amiga, por estares sempre connosco.
Obrigada, por seres a flor linda que és e não a guardares só para ti.
A
tua
Lolita
Lembrei-me de te escrever porque há anos que não sei nada de ti. Surgiste de repente, vindo das minhas memórias de infância. Andávamos nos primeiros anos do liceu, eu era uma menina de classe média, tu não podias negar as tuas origens na gente do campo de uma aldeia ali perto. Eu já era uma garotinha em flor, com promessas de mulher nos botões dos seios. Tu eras um rapazinho franzino, uma criança de grandes, enormes olhos azuis. Aquele era o único liceu em muitos quilómetros à volta e quem queria fazer qualquer coisa mais que a primária, ia de comboio para a vila (agora uma cidade grande) logo de manhãzinha e voltava ao fim da tarde. Ambos tínhamos aquela viagem diária para aldeias diferentes.
No meio das brincadeiras de rapariguinhas a quererem ser mulheres, os teus olhos azuis tocaram-me bem fundo. Foste o meu primeiro amor, aquele para quem escrevi o meu primeiro diário em folhas de papel de rascunho. Ainda recordo o meu desassossego nas aulas quando faltavas. Olhava ansiosa a porta da aula e o teu lugar vazio. Sabia que às vezes tinhas que ficar a ajudar os teus pais, no campo. Aquilo não me parecia justo. Como podia eu entender?
Escreveste-me um bilhete um dia que me foi entregue por uma amiga. Dizia só : Queres namorar comigo?. Quando li, olhei-te e sorri. Não foi preciso responder. A partir daí, namorámos. Tu esperavas o meu comboio e vinhas comigo da estação, sem dizer nada, ousando por vezes tocar a minha mão. À tarde, fazíamos o caminho de regresso juntos, quase sempre calados. O meu comboio partia antes do teu. Sentava-me ao pé da janela e os meus olhos prendiam-se na água azul dos teus até ao andar do comboio cortar esse fio invisível.
Foi assim durante dois anos. Depois crescemos ambos e tu começaste a distanciar-te da rapariga tão diferente de ti, a falar de cinema e de livros, a melhor aluna da classe. Também tu querias alguém possível a quem amar. Só entendi isto muito depois. Na altura, chorei como criança e iniciei o sofrimento das mulheres pelos amores perdidos. Ainda hoje, nas gares dos comboios, procuro, sem encontrar, uns olhos azuis iguais aos teus.
Domingo, 30 de Maio de 2004

entre paredes doentes
este ar de desalento
o bater em contratempo
e relanço as sementes
de um olhar quedado
no futuro do passado
o descompasso do seio
o tremor frio no dorso
o paladar salgado da pele
sussurram-me mil doçuras
devoram-me as entranhas
liquefazem-me o azul
e o vermelho escorre em rimas obscuras.
Sábado, 29 de Maio de 2004
às vezes ligo-te.
gosto de te ouvir.
gosto de te ouvir sorrir, é possível isso, sabias?
meu amigo, meu amante, meu amor. e meu amigo de novo.
ligo-te para te ouvir falar do tempo.
dos teus filhos, do teu trabalho, da tua mãe.
dos teus projectos, das tuas ideias, de tudo o que vem de ti.
meu querido, meu anjo, meu irmão.
ligo-te para te ouvir respirar.
respiras alegria, euforia, histeria.
respiras doçura, ternura, loucura.
sopras na brisa tudo o que de melhor tens para dar.
às vezes ligo-te.
preciso de ser ouvida.
preciso de descansar as minhas palavras na tuas.
preciso de largar água salgada nos teus olhos,
que são os meus.
calo.
e desligo.
Sexta-feira, 28 de Maio de 2004
Há algum tempo atrás, deixaram-me uma mensagem num local público. Não é exactamente uma carta, mas parece... e lembro-me muitas vezes destas palavras, com muito carinho.
porque um homem não chora... deixo um beijo para a pestinha
estou triste...
virei espreitar - de volta e meia para te ver
feliz
doce
alegre
airosa
espevitada
atrevida
arisca
...
linda
foi bom ter-te conhecido
aprendi alguma coisa contigo e aqui
fiquei até a conhecer-me melhor
(lá terei de reestruturar novamente a imagem que tenho de mim próprio)
(6/11/2002)
A minha resposta teve como título "...mas a pestinha chora..."
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Estou a escrever porque tenho necessidade de deixar uma marca, quer para mim como para ti, do que sinto neste momento... Desde que os teus lábios tocaram os meus que o mundo assumiu formas diferentes, cores diferentes, certezas indiferentes. Tudo mudou, nada regressou sequer à normalidade com o passar dos dias. Pelo contrario. Quanto mais os meus olhos pousam em ti, mais tudo se torna incrivelmente, irremediavelmente confuso. O meu mundo transformou-se, talvez, perpetuamente num conjunto de formas distorcidas e de certezas perdidas. A única certeza é passar os dias a pensar em ti. Comigo. Em ti. Só em ti. Sonhos, pensamentos, sentimentos,... Tudo. Só para ti. Sempre a aguardar um sinal de que me queres. Um sinal. Uma vontade expressa por ti de quereres o meu corpo. De queres os meus beijos que suplicam os teus lábios. Deixas-me assim... perdida. Perdida! Num labirinto de sentimentos, de incertezas...´
A única certeza é estar irremediavelmente apaixonada por ti. É querer-te em todos os minutos...
Por vezes fecho os olhos e parece que sinto os teus a olhar-me. Vejo-os... meigos, como quando olhas para mim e parecem que eles sorriem... Tão bom, sentir o teu olhar. Tão bom. Beijar os teus lábios. Quando dizes que gostas de mim... Adoro-te mesmo. Não é só desejo por ti. É vontade de te ter sempre, de saber o que estas a fazer, é preocupar-me com o que pensas ou sentes, é sentir a tua falta quando não me queres... É não conseguir estar um único momento sem pensar em ti...
Quinta-feira, 27 de Maio de 2004
Hoje não escrevo
carta
postal
mail
SMS
Não falo
Não digo
Não comunico contigo
Hoje dentro de mim
há greve de palavras
Schiuuuu
.
Quarta-feira, 26 de Maio de 2004
Lembro-me como se fosse hoje! Depois de uma conversa com a Cati, ela disse-me que a Gabi "gostava de mim"! Não me apanhou de surpresa, porque ela quando jogávamos à "apanhada" ia sempre atrás de mim, e lá na escola da minha classe ( 4ª ) todos diziam que ela gostava de mim...e ela corava! Eu não ligava...queria era jogar à bola! Até que um dia, olhei para ela de outra forma...e até a achei gira! Foi então que, com alguma coragem escrevi o meu mais curto bilhete de sempre:
"GOSTO DE TI! QUERES NAMORAR COMIGO?
SIM NÃO
_______ _
Aí começou a Democracia para mim...
Terça-feira, 25 de Maio de 2004
encontrado no fundo da mala.
Nada.
Não tragas nada!
Nem brincos, nem anéis, nem baton, nada!
Ao natural é que és linda...

Segunda-feira, 24 de Maio de 2004
Não telefonaste mais. Tenho que te escrever porque não gosto de mal-entendidos. Mandei-te duas mensagens e não respondeste. Não percebo porquê. Só porque, há mais de quatro meses, não te digo nada nem atendo o telemóvel quando me ligas? Sinceramente
Que estranhos são os homens! Dizem que numa relação não se pode contabilizar assiduidade de encontros nem qualquer outra assiduidade, já agora. E quando a mulher precisa de fazer um intervalo, de se afastar porque está confusa ou qualquer coisa do género, ficam ofendidos.
O pior de tudo é que, quando deixam de responder às mensagens e de telefonar, nós começamos a ter saudades. E torna-se urgente escrever cartas como esta
Já agora, para ter a certeza que me respondes, vou também telefonar-te. Preciso mesmo de te ouvir e de te dizer que estes quatro meses foram os piores da minha vida. Isto se não contar com as outras vezes que me afastei de ti.
Beijo, a lembrar os muitos que já te dei.