Terça-feira, 8 de Junho de 2004

À espera de carta tua

Escreve-me uma carta. Eu sei que és daqueles para quem dizer amo-te custa mais que arrancar um dente. Então escreve. São duas palavras pequenas: “eu” pronome pessoal, primeira pessoa do singular; “amo-te”, presente do indicativo do verbo amar, etc… tu sabes. Tu sabes escrever mas não queres escrever. Não consegues. Falar dos teus sentimentos não é contigo. Escrever os teus sentimentos, também não.
Esperas talvez que eu adivinhe ou que os teus olhos falem mais que a tua boca. Eu nunca fui boa a ler algo nos olhos. Já me enganei demasiadas vezes. E também não tenho o dom da adivinhação.
Vou dar-te uma sugestão: vai à net, ali às 1001 cartas de amor, sedução, eróticas, etc. e copia. Escreve como se fosse de ti para mim. Eu vou acreditar, que diabo! Mesmo que não acredite, vou ficar feliz porque te deste ao trabalho de escrever. Cheguei a este ponto de querer que me digas que me amas, mesmo pelas palavras inventadas por alguém. O que eu não quero é que tu me deixes a tarefa de adivinhar aquilo que a minha insegurança me diz que é melhor não adivinhar.
publicado por floreca às 21:23
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17 comentários:
De almar a 9 de Junho de 2004 às 08:27
Filipe: gostei muito do teu comentário. Decerto o esforço que fizeste se tem revelado compensador. E, sabes, todas as mulheres gostam destas coisas. Sobretudo as que dizem que não gostam. E, já agora, todos os homens também. Só que, no que respeita a atirar-se de cabeça para uma relação, as mulheres têm normalmente menos medo que os homens. Estou absolutamente de acordo contigo em que a adaptação ao outro tem que ser mútua para que as coisas resultem. Também te garanto que há mil e uma maneiras de dizer "amo-te", sem o dizer. A cada um a terefa de as descobrir. Bjs, Filipe.


De almar a 9 de Junho de 2004 às 08:18
Dora: pois, se calhar, algo lhes diz que é melhor não dizerem palavras que carregam tamanha carga emocional! Pode ter consequências.:-)***


De almar a 9 de Junho de 2004 às 08:14
Lolita: escreveste a carta de resposta, linda. A carta que qualquer mulher gostaria de receber. Beijinhos


De ognid a 9 de Junho de 2004 às 01:56
Que coisa, chega-se aqui a esta hora da madrugada e fica-se sem folego e, pronto, lá se vai anoite descansada... um texto teu de pontaria certeira às inseguranças masculinas e outro da Lolita a metê-las aqui a nú. Adorei :) bjks para as duas.


De Filipe Tavares a 9 de Junho de 2004 às 00:45
Pois é! Muitos homens, com medo de verem a sua masculinidade afectada, têm receio em demonstrar por palavras, escritas ou faladas, aquilo que lhes vai na alma. Admito que já tive esta dificuldade. Que felizmente ultrapassei, sem perder a dita, e que me deu muito a ganhar. As mulheres (algumas) gostam deste tipo de coisas. E a minha maneira de ver as coisas é a seguinte: Se um homem gosta de uma mulher deve se moldar a esta. Logo, se ela gosta desse género de coisas o homem deve corresponder ou ao menos tentar para que ela se sinta correspondida. É meio caminho andado para as coisas darem certo. MAs atenção, não deve ser feito única e exclusivamente pelos homens para as mulheres. O contrário deve existir também. Acho que passa um pouco por saber o que se quer e espera de determinado relacionamento. É como tudo na vida. Há que dar para depois receber. Mas mesmo assim a vida não é só amor e uma cabana, não se esqueçam disso!!!


De Dora a 8 de Junho de 2004 às 23:42
Depois de ler o ensaio da Lolita voltei a estremecer!
Bem, o que eu ia dizer era que a carta da almar4 me fez lembrar uma passagem do "África minha". Karen Blixen, exausta perante o silêncio e as ausências daquele inglês errante suplica-lhe: "Pede-me em casamento, eu prometo não aceitar, mas por favor, pede-me em casamento".
Se calhar estes mutismos ante os nossos desejos de expressão do afecto têm mesmo a ver com hemisférios cerebrais... :-)


De atuaLolita a 8 de Junho de 2004 às 23:30
Um resposta, apenas uma fantasia:
Eu.. não sei escrever cartas dessas, mulher! Porque me pedes o que não sou capaz?
Espero que tu adivinhes, sim. És mulher, tens um dom que eu não tenho. Desculpa, sou apenas um Homem. Sei lá escrever cartas. Sei lá ser erótico e romântico e sensível. Não sei essa linguagem, entendes? Só sei que te amo e nem sei como isso se diz na tua voragem de literatura florida e metafórica. Eu sei lá dizer amo-te a quem faz parte de mim como se me estivesse entranhada na pele? Não sei, porra! Não sei escrever que me dó esta coisa que trago comigo, este silêncio que me apetece gritar e que ninguém me ensinou como se faz. Ensinas-me?


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